Sentimentalismo versus Uso da Razão


Um dos maiores erros modernos: Confundir Fé com Sentimentalismo


Certa vez presenciei uma cena lastimável, a qual creio que serve de exemplo para o começo de nosso artigo, estava eu rezando o terço em uma Igreja, fora de horários de missas, estava com uma amiga, e logo entrou uma mulher. Ela entrou na Igreja, foi até o sacrário que estava no altar, se ajoelhou, ergueu as mãos como fazem os protestantes e começou a "orar em línguas" como os protestantes pentecostais, chorar, falar com voz ritmada, colocava a mão no sacrário, fez uma tremenda baderna no lugar santo! Sendo que ali é lugar de SILÊNCIO E ORAÇÃO. Isso até atrapalhou a recitação do terço que estávamos fazendo.

Nem preciso dizer o quanto isso é absurdo, depois a mulher saiu da Igreja como se nada tivesse ocorrido e foi embora. Para ela, estar próximo a Deus é sentir, é fazer alarde, barulho, é aquele sentimentalismo de seitas pentecostais de esquina. (Exemplo: Assembleia de deus).

Alguns carismáticos chegam até a afirmar que quem não "ora em línguas" não tem o Espírito Santo, ou ainda que você precisa "sentir Deus" ali naquele momento no grupo de oração, aí então você está próximo dele. 

Abrindo um parênteses para os comentários que já estou imaginando que terão, sim eu já fui da Rcc, já participei durante muito tempo, mas graças a Deus eu saí e aprendi a verdadeira doutrina Católica. E sei exatamente o que ocorre por lá, como ocorre e o que pensam, fui um deles. Para quem ainda não leu, deixo aqui meu testemunho de Conversão ao catolicismo onde eu abordo o tema. Bem como uma sessão de artigos somente sobre a Rcc e suas práticas no seguinte link: Estudo sobre as críticas do Movimento Carismático. Absolutamente todas as objeções frequentes estão presentes nestes artigos que citei, o segundo link vai direto de encontro a vários outros artigos que fazem parte do estudo (que ainda não está finalizado). Todos foram escritos por mim que estão em meu outro blog que também fala do catolicismo. Então antes de qualquer comentário, crítica ou objeção leiam os artigos citados! Pois comentários abaixo desse artigo que tratam de temas já abordados nos links citados nem serão aceitos aqui no blog, pois subentende-se que a pessoa ignorou todos os argumentos já postados anteriormente e sequer teve o trabalho de abrir os links e lê-los. Opiniões e dúvidas são bem vindas, mas quando elas tem fundamento e base, e se alguém não tem interesse em se quer ler algo a respeito do que cremos, porque iríamos ter o trabalho e publicar sua opinião? Enfim, antecipo estes detalhes para que tudo fique em seu devido lugar. Agora vamos ao que realmente importa!

Fé não é sentimento


Não, você não precisa "sentir" Deus quando está na Igreja, você não precisa ficar com os braços arrepiados quando ouve uma música sentimental e logo pensar que é Deus que tá te "tocando". Não... você não precisa chorar, cair no chão, nada disso mostra que a pessoa está próxima a Deus! Nossa Fé Católica está baseada no uso da RAZÃO. Vamos começar com uma pergunta: Porque você crê em Deus? 

Muitos dirão, porque "eu sinto" ele na minha vida. Porque eu "sinto" ele presente e etc. Mas isso não prova a sua existência. Eu responderia assim:

Eu creio em Deus porque existem provas de que Ele existe. São Tomás de Aquino deu provas da existência de Deus, existem diversos milagres comprovados cientificamente que provam sua existência, e portanto seguindo o uso da razão, Ele nos criou, nos deu a vida, nos deu tudo o que temos. E é meu DEVER segui-lo e corresponder a esse amor. Podemos agora mostrar alguns exemplos de que o SENTIR nem sempre vem de Deus! O demônio também pode nos trazer sentimentos de euforia e alegria (aquele sentimentalismo de euforia e alegria passageira presente nos cultos pentecostais das seitas e também na Rcc, como o vídeo postado anteriormente):

1. Vemos nas seitas protestantes, as pessoas tendo o mesmo sentimento de euforia e sentimentalismo. Geralmente estas pessoas saem alegres do culto indo para casa dizendo que estão próximos a Deus, somente porque "sentiram" sua presença. O que mais tem nos cultos protestantes é o sentimentalismo: músicas melosas, mãos erguidas para o alto, gritarias, choros, etc. Nada disso prova a presença de Deus!

2. E todo esse sentimentalismo vemos também entre 'católicos' modernistas (Rcc por exemplo). Exatamente o mesmo sentimento, de pessoas que acham que precisam "sentir-lo" para estar próximo a Ele. O estranho disso tudo é que quando eu era da Rcc via muitas pessoas que nem tinham se quer confessado tendo os mesmos sentimentos, pessoas que estavam em pecado mortal sentindo exatamente o mesmo, o que eu chamo de euforia coletiva! Não... nada disso mostra a presença de Deus! 

Deus Pai diz a Santa Catarina de Sena sobre as Consolações Espirituais


Este livro é muito bom, se chama O Diálogo, escrito por Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja. No livro, esse sentimentalismo (alegria quando rezamos por exemplo) Deus Pai chama de "Consolações Espirituais". É você se sentir bem enquanto reza ou faz seus exercícios espirituais. Aí Deus Pai diz que estes sentimentos podem vir d´Ele, ou do DEMÔNIO. Deus Pai admite que o demônio também faz as pessoas sentirem consolações espirituais! Acho que isso explica os exemplos citados anteriormente, do porquê até hereges de outras seitas possuem consolações, sem nem se quer comungar e confessar. Vou postar aqui exatamente com as palavras de Deus Pai:

"Filha querida (...) vou atender agora aquele teu pedido, relativo à minha presença durante as visões ou demais manifestações que alguém julgue ter. Disse que o sinal distintivo de que estou visitando a alma é a alegria, o desejo das virtudes e sobretudo, grande humildade e amor. Tu me perguntaste porém se a alegria não pode iludir a alma. Desejas estar do lado mais seguro, queres um sinal definitivo de que não padeça engano. Vou falar-te de uma possível ilusão e sobre o modo de saber quando a alegria é autêntica ou não. A ilusão possível é esta: alegra-se uma pessoa, quando obtém aquilo que desejava. E quanto maior for seu desejo, menos atenção prestará a causa da alegria. A posse do objeto desejado, o prazer sentido impedem que sua consideração seja clara e distinta. Isso acontece com as almas que gostam de consolações espirituais e vivem à procura de visões, depositando maior interesse nelas que em mim. Já te disse que esta é a atitude que estão no estado do amor imperfeito.Eles se aplicam mais em obter consolações do que em amar. (...) Quem ama as consolações espirituais, alegra-se grandemente ao recebê-las. Contente em possuir quanto desejava muitas vezes se rejubila por artifícios do demônio. Já ensinei que as visões ou consolações provocadas pelo demônio começam causando alegria, mas que depois se transformam em sofrimento e remorso, num vazio da caridade e das virtudes que leva a pessoa ao abandono da oração. Portanto se a satisfação e a alegria não estiverem acompanhadas de amor pela virtude; se a pessoa não for humilde e muito caridosa, é sinal de que a tal visita não procede de mim, mas do diabo. Como disse todo prazer espiritual não acompanhado de virtude, revela claramente que sua origem provém do apego à autoconsolação. (...) As pessoas apegadas às consolações costumam receber muitas visitas do diabo em forma de luz.(...)" [1]

É exatamente o que eu citei anteriormente. Muitas vezes vemos os protestantes (que não possuem virtudes, estão em pecado mortal, sequer confessam) tendo sentimentos de histeria, alegria em seus cultos, vemos também uma Igreja inteira, cheia de carismáticos todos "sentindo" alegria, entretanto nem todos possuem virtudes, aquilo nada mais é que sentimentalismo e não a presença de Deus verdadeira. A verdadeira fé é aquela alicerçada no uso da razão, creio em Deus porque Ele existe e me ama, o sigo porque Ele merece, rezo porque preciso d´Ele e quero amá-lo. E essa fé é cheia de virtudes e caridade (obras de caridade, comunhão, oração, devoção). E tudo isso vem seguido de CRUZ, muitas vezes as pessoas mais próximas a Deus são as que mais sofrem! E não as que mais estão felizes e alegres! Já foi postado no blog um artigo escrito por Santo Afonso de Ligório, onde o mesmo diz que as pessoas mais próximas a Deus são as que recebem maiores cruzes. Deixo o link para ler: "Deus dá maiores cruzes àqueles que Ele mais ama".

Santo Afonso de Ligório também diz que maior será a tua recompensa se você seguir a Deus sem sentir nenhuma consolação. Se você não tem vontade rezar, não tem vontade ir a Igreja, não sente gosto para as coisas de Deus e ainda assim as faz por Amor, maior será a tua recompensa, e é quando você está mais próximo a Deus! Aí sim, esta sim é a Fé Católica, pura e autêntica! E isso não foi dito por mim, foi dito por um doutor da Igreja:

"Diz São Francisco de Sales que a verdadeira devoção e o verdadeiro amor de Deus não consistem em sentir consolações espirituais nos exercícios de piedade, mas em ter uma vontade resoluta de só querer e fazer aquilo que Deus quer. É só para este fim que devemos orar, comungar, praticar a mortificação e qualquer outra virtude que agrada a Deus, muito embora façamos isso sem satisfação alguma e no meio de mil tentações e aborrecimentos de espírito. “Pelas securas e tentações”, diz Santa Teresa, “o Senhor experimenta os que O amam. Posto que a secura continue durante toda a vida, não deixe a alma de fazer oração; virá tempo em que será bem paga por tudo.” (Santo Afonso de Ligório) [2] 

E ainda:

"São Tomás ensina que a verdadeira devoção não está no sentimento, mas no desejo e firme resolução de se submeter prontamente à vontade de Deus. De que natureza era a oração de Jesus no jardim das oliveiras? Cheia de secura e desgosto! Apesar disso, foi a mais devota e meritória que jamais houve sobre a terra. Ele dizia: 'Pai, não como eu quero, mas como vós quereis.' (Mc 14,36)." Santo Afonso de Ligório [3]

Mais um do mesmo livro e autor:

"(...) Isso se dá com muitas almas que Deus chama a um amor especial: trilham no princípio o caminho da perfeição, mas só enquanto acham nele consolações sensíveis; quando, porém cessam os doces sentimentos, tornam-se negligentes e recomeçam o seu antigo modo de vida. É um defeito geral de nossa natureza corrompida que nós procuramos, em tudo o que fazemos, a nossa própria satisfação. Por isso precisamos nos convencer que o amor de Deus ou a perfeição não consiste em doces sentimentos e consolações sensíveis, mas em vencer o amor-próprio e cumprir com a vontade de Deus." Santo Afonso de Ligório [3]

Teria muito mais escritos de Santo Afonso de Ligório para postar, mas para o artigo não ficar mais longo do que já está, creio que as citadas já bastam! Para ler o artigo completo de Santo Afonso de Ligório sobre o tema, clique no link: Da Paciência na desolação Espiritual

Outros Santos Advertem sobre o perigo da busca por experiências sensíveis na vida espiritual.


São João da Cruz: Subida do Monte Carmelo, p. 217ss, Capítulo XI

" É conveniente fechar a entrada de nossa alma a essas visões, negando-as todas. Rejeitando as más, evitam-se os erros do demônio e, quanto às boas, não servirão de obstáculo para a vida de fé"
"O demônio se regozija muito ao ver uma alma admitir voluntariamente revelações e inclinar-se a elas"
" A alma presa às graças sensíveis permanece ignorante e grosseira na vida de fé, e fica sujeita muitas vezes a tentações graves e pensamentos importunos"
" Cautela nessas comunicações exteriores e sensíveis sem jamais as admitir – a não ser, em certas circunstancias muito raras e sob o parecer de alguém com muita autoridade, e excluindo sempre o desejo delas"
"O demônio fica muito satisfeito quando percebe que uma alma deseja receber revelações ou sente inclinações por ela, visto que neste caso se lhe oferecem muitas ocasiões e possibilidades de insinuar e de destruir nela a fé." [4]

"Em segundo lugar, porque é muito fácil haver engano, ou risco de o haver. O Demônio não precisa senão de uma porta aberta para armar mil embustes. Em terceiro, porque a própria imaginação, quando há um grande desejo, leva a pessoa a acreditar que vê e ouve aquilo que deseja, tal como os que, querendo uma coisa durante o dia e pensando muito sobre isso, sonham com ela à noite." Santa Teresa D´Ávila [5]

“Aqueles que querem viver na Vontade de Deus não devem desejar obter (...) revelações ou sentimentos sobrenaturais que superem o estado ordinário daqueles que têm por Deus um temor e um amor muito sinceros. Pois, um semelhante desejo só pode vir de um fundo de orgulho e de presunção. A Graça de Deus abandona a alma tomada por esse desejo e deixa-a cair nessas ilusões e nessas tentações do diabo, que a seduz em visões e em revelações enganosas. É desse modo que o demônio semeia a maior parte das tentações espirituais de nosso tempo e que as enraíza nos corações daqueles que são os precursores do Anticristo”. São Vicente Ferrer [6]

“Tem-se visto em nossa época, muitas pessoas que creem que foram muito freqüentemente raptadas em êxtases; e ao cabo, descobria-se que o fato não passava de ilusões diabólicas". São Francisco de Sales [7]

Finalizo o artigo com uma oração do meu santo de Devoção:



"Ó Jesus, minha esperança e único amor da minha alma, eu não mereço as vossas consolações. Guarde-as para aqueles que Vos têm amado sempre; eu só mereci o inferno, abandonado para sempre de Vós e sem esperança de Vos poder ainda amar. Privai-me de todas as coisas, mas não de Vós. Amo-Vos, miserável como sou. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas; consagro-me todo a Vós e não quero mais viver para mim mesmo. Dai-me força para Vos ser fiel. — Ó Virgem Santíssima, esperança dos pecadores, tenho confiança na vossa intercessão; fazei que eu ame a meu Deus, meu Criador e Redentor. (II 306.)" [2]

Santo Afonso de Ligório

Fontes:
[1] O Diálogo - Santa Catarina de Sena.
[2] Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III - Sto Afonso - págs. 285- 287.
[3] Escola da Perfeição Cristã - Santo Afonso de Ligório. XI DA ORAÇÃO. Pag 289.
[4] São João da Cruz: Subida do Monte Carmelo, p. 217ss, Capítulo XI / Livro I Capítulo XI;
[5] Santa Teresa D´Ávila - Castelo Interior (Capítulo 9).
[6] São Vicente Ferrer,“Tratado da Vida Espiritual”, 2ª parte, cap. VIII.
[7] São Francisco de Sales (Trat. do Amor de Deus, t.2, c. IV).

Um comentário:

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