A Importância do uso da Batina.

Tenho várias páginas apologéticas no Facebook de evangelização da Fé Católica, e vendo os comentários da maioria dos católicos, me deparei com algo que não esperava. Muitas pessoas não sabem quais as vestes que o sacerdote deve usar no dia a dia, e tampouco sabem o que é batina. Muitos já ouviram este nome, porém, se pedir para a pessoa explicar, simplesmente não sabem! Muitas vezes a batina é até confundida com a estola e casula, que são usadas por sacerdotes enquanto celebram a Santa Missa, e as pessoas acham que a Batina não deve ser usada sempre, somente "durante a missa". Verdadeiros Católicos, fiéis a tradição, já conseguiram ver o absurdo desta afirmação.

Fiz esse post para esclarecer, e diferenciar as vestes dos sacerdote, e principalmente esclarecer a importância do uso da Batina pelos sacerdotes e seminaristas. Fato tão pouco conhecido nos dias atuais, principalmente por [hereges] modernistas que aboliram o uso, contrariando todos os documentos católicos e a Santa Tradição. Algumas pessoas realmente não tem culpa por não terem conhecimento das vestes do sacerdote, pois o modernismo tomou uma proporção gigantesca, que é difícil encontrar um padre que ainda a usa, e quando ele é visto de batina, já é "marcado" pelo bispo, ou por outras pessoas, e isso tem um nome: perseguição aos verdadeiros Católicos e a Santa Tradição. 

O que é a Batina?


A batina ou sotaina é uma roupa eclesiástica, própria dos seminaristas e clérigos (diáconos, presbíteros - padre e bispos). Tradicionalmente, possui 33 botões de alto a baixo, representando a idade de Cristo, cinco botões em cada punho, representando as cinco chagas de Cristo e sete botões no braço representando os sete Sacramentos.



À cintura pode ser usada uma faixa, que tem duplo significado: 1º a castidade (antigamente se acreditava que a libido sexual estava diretamente relacionada aos rins, então rins cingidos significava castidade); 2º a igreja peregrina na terra (quando Israel fazia grandes peregrinações usava-se um cingulo para cingir os rins de modo que ao caminhar não ficasse dolorido, assim rins cingidos significa peregrinação). A cor da faixa varia segundo o grau na hierarquia católica: preta para seminaristas, diáconos e padres comuns; violácea para padres com título de Monsenhor, bispos e arcebispos; vermelha para cardeal e branca para o Papa.

A batina é toda preta, com colarinho branco: o preto representa a morte para o mundo, e o branco, a pureza.

Bispos usam batina preta, com filetes vermelhos e faixa violácea. Já os cardeais usam batina preta, com filetes e faixa vermelhos. O Papa veste batina inteiramente branca. A batina dos monsenhores possui filetes violáceos.

Desde o Concílio Vaticano II, [infelizmente] é permitido ao clérigo católico que faça uso de clerical (ou clergyman), conforme Cano 285 do Código de Direito Canônico, mas a batina continua sendo sua veste eclesiástica própria, e a Igreja recomenda que na medida do possível não seja dispensada. O que a Igreja ensina sobre isso é, que o clergyman pode ser usado, em locais que a temperatura é muito quente, como no brasil, ou então em viagens, por ser mais confortável, e isso é uma exceção, não significa que o padre pode usar o clergyman sempre. O que é algo bem diferente, ou ainda pior, que o padre pode dispensar qualquer tipo de traje eclesiástico se vestindo como qualquer leigo. 

Outros detalhes: Costuma-se ainda usar a mozeta (ou murça) ou a peregrineta, espécies de mini-mantos envoltos ao pescoço, na mesma cor da batina e com a borla filetada.

Usa-se também juntamente com a batina o Solidéu - um pequeno recorte ovado de seda, ou o Saturno (capelo) - chapéu de padre, ou ainda o barrete, tudo nas cores específicas do grau correspondente.

O que os documentos Católicos afirmam sobre o uso da Batina?


O Código de Direito Canonico (CDC), assim afirma: Can. 284: "Os clérigos devem vestir um traje eclesiástico digno, de acordo com as regras estabelecidas pelas conferências episcopais e os costumes legítimos do lugar".

Há um livro baseado em uma tese de Michele de Santi chamado “O hábito eclesiástico, seu valor e sua história”. Os trechos a seguir são extraídos deste livro. O que nos interessa é apenas este histórico e não as idéias do autor, com as quais muitas vezes não concordamos. Segue o resumo:

No século XI São Bernardo (1090-1153) lembra que a vestimenta dos padres deve ser o sinal exterior de suas virtudes interiores, pois na época os padres estavam transformando o hábito em objeto de luxo e vaidade¹.

O decreto de Gratien (1140) insiste em que o hábito deve ser usado em toda parte, na rua, em viagem ... Gratien comenta esta posição citando Santo Agostinho, que afirmava que frequentemente as desordens do corpo manifestam as desordens do espírito¹.

O Concílio de Trento (Infalível) traz a famosa expressão (muitas vezes deturpada em seu sentido original): “Mesmo considerando que o hábito não faz o monge, é necessário que os religiosos vistam sempre um hábito adequado a seu estado (...)¹”

O primeiro Concílio de Milão (1565) impôs a cor negra e o quarto (1576) lembra a obrigação de usar a batina na Igreja mesmo quando não se use a capa¹.

Sixto V (1585-1590) trará, por assim dizer, a pedra final ao edifício com a Constituição “Cum Sacrosancta”, obrigando os padres a usar a batina. Impôs punições severas a quem desobedecesse. Quatro anos mais tarde esta lei será abrandada, voltando à interpretação mais genérica que prevalecera no Concílio de Trento; os padres devem usar um hábito conveniente a seu estado e de acordo com as disposições de seu bispo.

O Código de 1917 (can. 136) pede aos padres que usem um hábito eclesiástico conveniente (decente) segundo os legítimos costumes do lugar e do Bispo. Sem outras definições mas com penalidades que podem ir até à perda do cargo ou estado clerical.

Pouco antes do Concílio Vaticano II, o Sínodo de Roma de 1960 lembra que os padres residentes em Roma devem usar a batina. Nos documentos posteriores ao Concílio encontramos sobretudo argumentação para convencer os padres a usar a batina nesta época de tantas contestações. Em 1966, a Conferência Episcopal Italiana aconselha que para “vantagem pessoal do padre” e “edificação da comunidade, a batina deve ser a vestimenta normal dos padres”; o clergyman sendo reservado para as viagens ou quando for necessário por comodidade, como foi explicado acima. ¹

Neste mesmo ano, a Cúria alerta que os padres que trabalham no Vaticano devem usar a batina. E Paulo VI se lamentou em 17 de Setembro de 1969: 


“Fomos longe demais na intenção, em si louvável, de inserir o padre no contexto social, até o ponto de secularizar sua forma de viver, de pensar, e mesmo seu hábito, com o grave risco de enfraquecer sua vocação e de ridicularizar seus compromissos sagrados assumidos diante de Deus e da Igreja”.

João Paulo II, em uma carta endereçada ao Cardeal Vigário exprime seu pensamento sublinhando mais uma vez a importância do uso do hábito, “testemunho da identidade do padre e de que pertence a Deus” ... “em um mundo tão sensível à linguagem das imagens”.

O Código de 1983 não traz modificações substanciais, de acordo com o autor do livro¹. Entretanto duas medidas foram tomadas que não favorecem o uso da batina: não cabe mais ao Bispo definir o hábito a ser usado em sua diocese (batina, clergyman, etc...) mas à conferência episcopal.

Em 1999, o Papa ainda tenta convencer: “é um dever de se mostrar sempre tais como sois a todos, com uma humilde confiança, com este sinal externo: é o sinal de um serviço sem descanso, sem idade, porque ele está gravado em sua própria alma”.

Mais alguns trechos de documentos:

Cân. 285 § 1. "Os clérigos se abstenham completamente de tudo o que não convém ao seu estado, de acordo com as prescrições do direito particular".

§ 2. "Os clérigos evitem tudo o que, embora não inconveniente, é, no entanto, impróprio ao estado clerical".

Portanto, fica claro de acordo com os documentos citados anteriormente que absolutamente todos os sacerdotes devem usar a batina, em todos os lugares e não devem se vestir como leigos. E quem quer que se diga católico e afirme o contrário está indo contra os ensinamentos católicos e os escritos dos Pontífices e até mesmo dos santos da Igreja. Que ninguém ouse dizer que não é preciso usar a batina, e que a roupa não faz o monge, pois como foi citado, o próprio Concílio Infalível de Trento responde a esta objeção.

A Importância do uso da Batina, por que os Santos Padres e a Igreja sempre insistiram no uso.


A Batina é o distintivo, a farda de um soldado. Já viste policial, um reles deles, sem farda? Sem farda ele perde a autoridade. Também assim é o padre. Se ele não estiver a usando ele se mistura ao povo, e o povo "o engole". Daremos aqui neste artigo somente alguns motivos, para o artigo não ficar demasiadamente longo,  da importância do uso da Batina pelos sacerdotes:

1 - Imagine a seguinte situação, existe um padre em um shopping ou qualquer local público, e está de batina, todos olham e sabem que se trata de um sacerdote, pois se precisarem de um sacerdote recorrerão a ele. 

2 - O Padre estando em locais públicos de batina, é uma evangelização, o sacerdote traz Cristo em seu rosto, em suas vestes. O exterior do padre, mostra a piedade que ele leva em seu coração. 

3 - Se acontece algum acidente, ou alguma pessoa corre risco de vida e está para morrer, reconhece-se facilmente o padre no meio da multidão.

4 - O sacerdote está acima de todas as pessoas, até mesmo dos anjos na hierarquia, grande é a dignidade do padre², por isso quando encontramos um padre, devemos beijar sua mão. Assim diz o livro "A Selva" de Santo Afonso de Ligório, onde ele afirma que o sacerdote está em dignidade acima de todos os homens, ficando abaixo de Deus apenas². E portanto, deve se vestir diferente dos leigos, e não como qualquer um, como ensinam e fazem os modernistas.

Existem uma infinidade de razões para usar a Batina, porém em outro artigo citarei todas. Creio que é suficiente para o leitor ter uma noção do 'porque' a Igreja recomenda o obriga o uso. 

Abaixo, coloco um Vídeo do Padre Paulo Ricardo explicando o motivo da Batina ainda ser obrigatória para os sacerdotes, aconselho fortemente o vídeo que é muito importante e explicativo sobre o tema, segue:




Frases dos Santos sobre o sacerdócio


Finalizo o artigo com algumas citações dos Santos e algumas imagens deles para reflexão. 



"O padre não vai sozinho para o céu. Nem para o inferno. Se agir bem, irá para o céu com as pessoas que ajudou com seu bom exemplo. Se for infiel, se se envolver em escânda-los, se perderá com as pessoas condenadas por seu escândalo". 
Dom Bosco


"O Sacerdote, ou é um Santo, ou é um demônio." Ou santifica, ou arruína. 
São Pe. Pio de Pietrelcina

Que nenhum modernista mais diga que o padre não é obrigado a se vestir como padre e que o hábito não faz o monge. Pois se alguém diz isso depois de ler este artigo, não pode ser chamado católico, pois ignora todos os escritos da Igreja e obrigações que ela impõe em seus documentos.

Fontes: 
[1] Livro:“O hábito eclesiástico, seu valor e sua história” - Michele de Santi. (Apud: Montfort).
[2] Livro: "A Selva" de Santo Afonso Maria de Ligório.

2 comentários:

  1. Muito Bom, O habito não faz o Monge mas com certeza revela o que ele faz, Ninguém é obrigado a professar a fé católica, mas quem está na Igreja Católica tem o dever de ser fiel à fé da Igreja Católica. Os fiéis são chamados a defender, consolidar e fortalecer a Unidade da Igreja, que é uma das quatro notas características da Esposa de Cristo (Unidade, Santidade, Catolicidade, Apostolicidade). São sinais visíveis da Unidade da Igreja a Eucaristia, o Santo Padre o Papa. Exorto os fiéis católicos para que evitem tudo o que possa ferir a Unidade da Igreja, a respeito do que Jesus disse: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16).

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